Como aprender fotografia de celular com fotos históricas
Hoje eu vou te mostrar como aprender fotografia de celular a partir de fotos históricas que impactaram o mundo. Só porque você usa o celular/smartphone, não significa que não pode apreciar grandes fotografias feitas com câmeras profissionais. Pensar assim seria o mesmo que dizer que quem usa uma Mirrorless não pode gostar de fotos feitas com DSLR, ou que quem faz fotos digitais não pode apreciar fotos analógicas.
Na verdade, o principal aprendizado desse post, e com certeza o mais interessante, é perceber que o equipamento é uma das coisas que menos importa quando se trata de fotografia. Afinal, as fotos que vou te mostrar hoje foram feitas entre 1968 e 1975, durante a guerra do Vietnã. A tecnologia que você tem hoje em um celular é muito mais avançada do que a das câmeras daquela época.
- Por que você gosta de fotografar?
- Composições com fotos históricas
- Contraste nas composições
- Ângulos, perspectivas e histórias
- A foto que deu origem ao post
De onde veio a ideia de aprender fotografia de celular com fotos históricas?
Essa ideia surgiu há alguns dias, enquanto eu procurava fotos antigas na internet. Minha intenção era completamente diferente, mas então me deparei com uma série de fotos históricas que me prenderam a atenção. Uma foto em particular me chamou ainda mais. Pesquisando sobre ela, encontrei um site que reunia várias fotos desse momento histórico, e enquanto as analisava, percebi o quanto poderia aprender com elas. Por isso, hoje você vai descobrir comigo como aprender fotografia de celular com fotos históricas.
Por que você gosta de fotografar?
Talvez essa pergunta tenha infinitas respostas, mas eu, particularmente, acho o poder de congelar o tempo na fotografia algo impressionante. Com apenas um clique, você paralisa o tempo, as emoções e as sensações para sempre. Como na foto abaixo:
Na imagem, vemos um homem, civil, morto próximo a uma criança vietnamita que cobre os ouvidos para abafar o som dos tiros enquanto corre em busca de abrigo.
Fotos assim são comumente conhecidas como “fotojornalísticas”, onde o objetivo é registrar momentos históricos e informar sobre os acontecimentos. Elas geralmente não possuem uma intenção artística por trás, mas ainda assim, o fotógrafo está sempre buscando maneiras de transmitir sua mensagem da forma mais clara possível.
Por isso, nesta foto, você vê uma técnica muito usada para transmitir a sensação de movimento. Ao posicionar a criança no canto esquerdo, voltada para o lado direito, onde há mais espaço, o fotógrafo cria a impressão de que o garoto está se movendo naquela direção, sugerindo movimento na imagem.
Esse movimento foi essencial para transmitir a urgência da criança em se esconder da terrível situação que vivia. Uma foto tirada em 31 de janeiro de 1968.
É assim que você aprende a montar composições com fotos históricas
Na foto abaixo, tirada em 15 de março de 1968, você já vê uma fotografia colorida com uma composição planejada para mostrar alguns barcos de assalto dos EUA. Apesar de a qualidade não ser das melhores — e eu tenho certeza de que seu celular conseguiria uma qualidade de imagem superior —, é possível perceber que a foto foi pensada para destacar uma linha de barcos seguindo o rio.
Dificilmente a pessoa que fotografou a cena teria conseguido uma organização assim sem se posicionar do outro lado do rio. Ao fazer isso, ela também criou uma “linha guia” com os barcos, que direciona seu olhar desde o primeiro até o último, lá no final do rio. A grande dificuldade aqui é que a cor dos barcos se confunde com o verde da vegetação ao redor. Claro, isso é justificável, já que o objetivo do exército era se camuflar, não posar para fotos.
O poder do contraste para transformar composições em fotos históricas
Essa é outra fotografia difícil de se ver. Quem fez essa foto estava registrando uma manifestação contra a Guerra do Vietnã em frente à embaixada dos Estados Unidos em Grosvenor Square, Londres, no dia 17 de março de 1968.
Vale aqui um adendo: não vou entrar na parte histórica da guerra, mas se você se interessa por história, talvez goste de ler mais sobre o que motivou tudo isso.
De qualquer forma, a imagem já seria impactante só por mostrar o que parece ser uma mulher caída no chão, cercada por policiais. Mas o que a torna ainda mais forte é todo o contraste.
A foto, em preto e branco, cria um contraste intenso entre as roupas escuras dos policiais e as claras da pessoa caída. Além disso, há também o contraste nas posturas: quatro policiais em pé, imponentes e fortes, enquanto uma pessoa está deitada, encolhida e subjugada.
Se isso não fosse suficiente, a cena ainda conta com um casal no centro da foto. Embora possamos ver outros policiais, são os quatro em primeiro plano, dois de cada lado, que mais chamam atenção, “espremendo” o casal, que parece assustado e amedrontado no meio da foto.
Quem fez essa fotografia certamente viu o acontecimento e correu para encontrar o ângulo que melhor transmitiria essa sensação de opressão contra os manifestantes. Uma cena que, sem dúvida, ficaria marcada na história humana.
Aprendendo a contar histórias através de ângulos e perspectivas
Uma das grandes questões da fotografia é a escolha de ângulos e perspectivas. Quando você está diante de uma cena, talvez sua primeira ideia seja fotografá-la daquele ponto de vista, e, embora isso possa funcionar, é muito provável que existam formas mais impactantes de fazê-lo. Acredito que a foto abaixo vai te ensinar muito sobre como aprender fotografia com o celular a partir de fotos históricas.
Essa imagem mostra um soldado parcialmente enterrado no campo de batalha em abril de 1968. É possível ver apenas suas pernas e botas. Quem registrou essa cena tomou o cuidado de encontrar um ângulo que trouxesse uma visão menos “desrespeitosa”, mesmo que dolorosa, poupando-nos de ver o rosto ou possíveis ferimentos do soldado.
Além disso, você nota outras botas, soldados ao fundo, alguma vegetação e árvores… Houve a preocupação de mostrar um pouco do ambiente caótico onde aqueles horrores aconteciam. Isso nos leva a entender que, muitas vezes, para transmitir uma determinada sensação, é necessário explorar mais do ambiente ao redor, sem permitir que o foco principal seja ofuscado por ele.
A sensibilidade do fotógrafo que cria fotos históricas
Nesta foto, vemos um jogo de foco e desfoque para retratar o terror da guerra sem que a imagem se torne grotesca ou desrespeitosa. A foto, feita em um ambiente que parece ser uma sala ou cozinha, tem seu foco na mesa, em primeiro plano, para que o corpo ao fundo fique desfocado, mostrando a sensibilidade de quem registrou o momento.
Esse é um caso de um momento terrível, cercado por um horror indescritível, mas podemos perceber como a ambientação (incluir o ambiente na composição) pode gerar imagens com muito mais significado do que se nos concentrássemos apenas no ponto de interesse. Mais uma vez, vemos como fotos históricas podem nos ensinar a fotografar com o celular.
A foto histórica que deu origem a esse post
Eu poderia trazer centenas de outras fotos impactantes dessa guerra, e talvez faça isso em um vídeo no YouTube ou até mesmo no meu Instagram. Já me segue por lá? É só procurar por Tony Foto de Celular!
Mas, para evitar que este post ficasse gigantesco, resolvi reduzir a quantidade de fotos e mostrar aquela que deu início a toda essa ideia. Foi essa foto abaixo que vi e que me fez começar a pesquisar sobre fotos históricas da Guerra do Vietnã.
Talvez você já tenha visto essa imagem por aí, pois ela é muito conhecida há anos. Eu mesmo já tinha esbarrado nela em outros sites, mas nunca tive a curiosidade de pesquisar mais a fundo, até agora. E o que descobri foi o seguinte:
Ela foi tirada pelo fotojornalista Horst Faas em 18 de junho de 1965, no sul do Vietnã. Sem dúvida, essa foto entrou para o meu top de favoritas de todos os tempos. Você pode estar se perguntando por quê.
O contraste que essa foto traz é, para mim, o que a torna tão incrível. Primeiro, os escritos no capacete do jovem soldado em inglês, “War is Hell”, que significam “a guerra é um inferno”. Logo abaixo, vemos um foco perfeito no olhar dele, seguido por um leve sorriso em meio ao caos total da guerra. Não precisamos de muito para entender que ele certamente vivenciou os piores horrores e estava tentando esconder tudo isso por trás daquele sorriso enquanto olhava para a câmera.
Outro ponto interessante dessa foto é que, por muitos anos, a identidade do soldado era desconhecida. Hoje, sabemos que seu nome era Larry Wayne Chaffin, de St. Louis. Ele serviu por um ano na guerra, a partir de maio de 1965, e quando a foto foi tirada, ele tinha apenas 19 anos.
Larry voltou vivo do Vietnã, mas enfrentou muitas dificuldades para se reajustar à vida após a guerra. Faleceu em 1985, aos 39 anos, devido a complicações de diabetes, uma doença que ele pode ter contraído em decorrência da exposição ao Agente Laranja (um veneno extremamente tóxico que os Estados Unidos usavam para destruir florestas e plantações).
Como aprender fotografia de celular com fotos históricas
Algumas dessas fotos foram retiradas do site Rare Historical Photos. Se você quiser ler mais sobre a história dessa terrível guerra e ver outras imagens impactantes, é só clicar aqui agora. O site é todo em inglês.
Só tocar aqui para acessar e ver outras fotos.
Para finalizar, você pode aprender mais sobre essas técnicas de composição no meu e-book “Em busca da fotografia perfeita”. Nele eu falo exclusivamente de composição, te ensinando técnicas e dicas para tirar o máximo das cenas com o seu celular. Só tocar aqui agora e adquirir o seu.
Agora, espero que essas fotos tenham te ajudado a entender como a fotografia pode ser impactante e importante para a história.
Por isso, mesmo que a fotografia seja apenas um hobby para você, busque sempre aprimorar suas fotos com o celular. Explore novas técnicas, dicas, truques, e tente melhorar seus resultados constantemente. Talvez, hoje você tire uma foto de um lugar, de uma pessoa ou até de um prédio e pense que é “apenas uma foto”, mas quem sabe, daqui a alguns anos, essa imagem será tudo que restou. Uma memória congelada no tempo.
OBS: O site atribui as fotos à U.S. Navy / AP / Library of Congress.
Boas Fotos!
ToNy =D